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domingo, 21 de novembro de 2010

O Ato de Descrever

Existem momentos e situações em que temos que transmitir uma imagem, um lugar, uma pessoa, uma obra artística, para isso utilizamos a linguagem; essa atitude é chamada de descrição.

Ao fazermos uma descrição podemos explorar a linguagem não verbal (fotos, pinturas, etc.) e a linguagem verbal (oral e escrita).
Quando redigimos um texto com essa finalidade compomos um texto descritivo. Através do texto descritivo apresentamos ao nosso interlocutor um ambiente, um objeto, um ser a partir de nosso ponto de vista, assim, ele estará impregnado de nossa postura pessoal.
A redação de um texto descritivo
Descrever é um processo no qual se empregam os sentidos para captar uma realidade e transportá-la para o texto.
A elaboração do texto requer domínio da modalidade escrita da língua e as finalidades a que o texto se propõe.
Elementos básicos de uma descrição:
- identificar os elementos;
- situar o elemento (lugar que ele ocupa no tempo e no espaço);
- qualificar o elemento dando-lhe características e apresentando um julgamento sobre ele.
A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
- descrição objetiva: quando o objeto, ser, ambiente são apresentados como realmente são;
- descrição subjetiva: quando o objeto, ser, ambiente são transfigurados pela emoção de quem descreve.
Características gramaticais:
- verbos de ligação;
- frases e predicados nominais;
- verbos no presente e pretérito imperfeito do indicativo (predominantemente);
- adjetivos.
O texto descritivo, geralmente, é incorporado ao narrativo ou ao argumentativo.
Veja os exemplos a seguir:

"A bolacha-da-praia,
a estrela-do-mar e o
ouriço-do-mar são parentes.
A estrela-do-mar é carnívora. Com seus "pés", ela abre as conchas e se alimenta delas. Depois, ela permanece
até dez dias em jejum.
A bolacha e a estrela ficam semi-enterradas no fundo
do mar; o ouriço é achado
em rochas."
                                    (Folhinha de S. Paulo, 23/01/99)

                                         
Prima Julieta
                 Murilo Mendes


Prima Julieta, jovem viúva, aparecia de vez em quando na casa de meus pais ou na de minhas tias. O marido, que lhe deixara uma fortuna substancial, pertencia ao ramo rico da família Monteiro de Barros. Nós éramos do ramo pobre. Prima Julieta possuía uma casa no Rio e outra em Juiz de Fora. Morava em companhia de uma filha adotiva. E já fora três vezes à Europa.
Prima Julieta irradiava um fascínio singular. Era a feminilidade em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda garoto e já sensibilíssimo ao charme feminino, teria ela uns trinta ou trinta e dois anos de idade.
Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma deusa, diz Virgílio de outra mulher. Prima Julieta caminhava em ritmo lento, agitando a cabeça para trás, remando os belos braços brancos. A cabeleira loura incluía reflexos metálicos. Ancas poderosas. Os olhos de um verde azulado borboleteavam. A voz rouca e ácida, em dois planos; voz de pessoa da alta sociedade. Uma vez descobri admirado sua nuca, que naquele tempo chamavam de cangote, nome expressivo: pressupõe jugo e domínio. No caso somos nós, homens, a sofrer a canga. Descobri por intuição a beleza do cangote e do pescoço feminino, não querendo com isto dizer que subestimava outras regiões do universo.
 

                     MENDES, Murilo. A idade do serrote. Rio de Janeiro,
                          Sabiá, 1968. p. 88-9.

Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa
Equipe Brasil Escola
http://www.brasilescola.com/redacao/ato-descrever.htm

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